Com los Recuerdos al hombro

FIQUE RICO SEM SAIR DE CASA

27 de abr. de 2010

A mudança

Depois daquela tragédia que foi a morte do Aldirio, ficamos pouco tempo residindo no Cerro, logo nos mudamos dali. Minha mãe já dera a luz ao meu irmão Renato, que ficou marcado com aquele episódio trágico.
Mudamos para o que à primeira vista se chamou de Mutirão. Eram casas de alvenaria construidas por funcionários da Prefeitura, em forma de mutirão, daí o nome. Meu pai naquela época prestava serviços à Prefeitura, por isso fora agraciado com uma daquelas.
De início a casa já surpreendia. Só a sala e cozinha, juntas, era maior que toda a casa em que nós morávamos no Cerro. Lembro-me que casa possuía sala, cozinha, um quarto e um banheiro, todos amplíssimos. Logo em seguida foi construído um quarto menor, onde dormiámos Paulinho e eu. Nessa época já éramos cinco irmãos, Luiz, Paulo, eu, Leandro e Renato. O Luiz morava com a vó Maria. O Leandro que na época tinha uns dois anos e o Renato que acbara de nascer dormiam no quarto com a mãe.
Era uma alegria única. Não tão grande para minha mãe que tinha deixado o convívio de todos seus familiares no Cerro, mas nossa, pela casa nova e do  velho que parecia criança com sua bicicleta nova. 
Nós indo embora do Cerro, tornamos-nos os primeiros da familia da minha vó Ieda (mãe da minha mãe) a abandonar o lugar. Mas forámos para um lugar bem melhor, é verdade. Bom, minha mãe nunca se conformou com isso, pois até hoje ela reclama. São coisas da vida.
Mas voltando àquela época, foi uma mudança incrível, o pouquinho de coisas que tínhamos coube em três viagens. Mas viagens de charrete. Mas eram tão poucas as coisas mesmo, que numa dessas viagens, viemos todos em cima da carroça do Seu Seledonho. Sim, esse era o apelido do velho cherreteiro, nunca soube o nome daquele cara. Dizem que era João, mas não sei com certeza. Para ser sincero nem sei se ele vive ainda, porque naquela época ele já era muito velho.
As coisas eram mais ou menos assim: um armário de madeira (naquela época móveis eram feitos de madeira de pinho, na sua maioria), um fogão a gás, um fogão a lenha, uma mesa grande de madeira, feita pelo meu pai, dois bancos grandes, também feitos por ele, duas camas com seus respectivos colchões, um guarda-roupa, um toca-discos e alguma quinquilharia a mais que eu não me lembro. Demo-nos conta que isso não era nada para nova casa, ficando vários espaços vazios.  
Porém, para a alegria da minha mãe, logo eles compraram um quarto novo. Era surpreendente, cama, roupeiro, cômoda com espelho, dois criados mudos e colchão novo. A mãe era só alegria. Até se esqueceu da gente dela que ficou no Cerro. Eu me lembro até da cor dos móveis novos: era marfim.
Apesar da tristeza da minha mãe por ter ficado longe da gente dela, essa casa ficava aproxidamente dois quilômetros do Cerro, talvez nem isso, pois ficava ali na tangente do bairro Kennedy, entre as ruas Quinze de Novembro e Vinte e Sete de Janeiro.
Como disse convenciou-se chamar de Mutirão, conforme iam surgindo, I, II, III e IV. Entretanto o nome dos três primeiros, que ficam no bairro Kennedy é Conjunto Habitacional Fernando Corrêa Ribas. Uma homenagem nada mais justa a um maiores nomes da politica jaguarense, que deu início a construção desses tipos de habitação, que por longos anos foram os únicos empreendimentos do gênero na Cidade Heróica.
Infelizmente, nós só ficamos morando nesse local até o ano de 94, quando meu pai cometeu, a meu ver, o maior erro da sua vida; mas isso é assunto para mais tarde.

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