Com los Recuerdos al hombro

FIQUE RICO SEM SAIR DE CASA

20 de jun. de 2011

Leandro e a Tia Sueli

Bom, primeiramente quero ressaltar que tenho escrito pouco no Blog em virtude do tempo, que tem se tornado cada vez mais escasso. Mas aqui estou de novo, trazer mais um pouco de mim e de meus pares.
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Agora vou escrever um pouco sobre a vida do Leandro, ou do Guerra como muitos o chamam. Creio que depois do Luis, ele foi o irmão que mais viveu londe de casa, naquela época.
A irmã mais nova de meu pai, a Sueli nunca pôde ter um filho, não sei qual a razão e então ela queria por que queria pegar um sobrinho para criar. Quando eu era criança ela tentou de todas as maneiras me levar para morar consigo, mas eu nunca quis, sempre dizia que não.
De tanto eu dizer não, que ela desistiu. Mas não desistiu de pegar um sobrinho. Só que suas investida mudaram, foram para o Leandro, que é mais novo que eu dois anos e meio. O Leandro de prontidão aceitou e foi morar com a Sueli.
Eu não me lembro exatamente a data, mas creio que foi lá pelo ano de 1996, o Leandro tinha menos de dez anos de idade.
A Sueli morava na Vila Kennedy, ali naquela rua que passava do lado da antiga pista de motocros - hoje a pista deu lugar a um bairro chamado Indianapolis II -, e trabalhava como auxiliar de enfermagem na Santa Casa de Jaguarão. Naquela época, ela e o Marquinhos trabalham como auxiliares de enfermagem, eram, portanto, os irmãos mais bem colocados do Alceni, meu pai, que por sua vez era o mais miserável de todos, vivia sempre numa pindaiba danada. Por isso ele aceitou a ida do Leandro para a Sueli sem problemas, já que era uma boca a menos para comer em casa.
Aliás, quero fazer um parêntese aqui: O Alceni tinha o prazer de dar os filhos para os outros. Sempre havia alguém querendo os filhos dele. O Leandro, por exemplo, morou com a Sueli e com o Vaca, a Sheyla ele quase deu para um desconhecido, o Alexandre foi dado, depois tirado. Ou seja, fazia filho, e um monte, mas criar não queria. Mas isso já é outra história.
Voltemos a história do Leandro com a tia Sueli.
Como disse ela morava ali perto do campo da motocros, perto da nossa casa, portanto; perto também da casa casa da vó Maria, que fez todo o esquema para a Sueli levar o Leandro para morar consigo. Claro que depois de ir morar com a Sueli, o Guerra mudou de vida. Vivia sempre arrumadinho, tinha cadernos, roupas e tênis bons para ir ao colégio. E até uma bicicleta havia ganhado. Uma cross daquelas do Uruguai. Cor azul, se não me engano. Fora com essa bicleta que eu aprendi a andar. Antes eu nem conhecia bicicleta.
Até essa época ia tudo bem. Ela morava ali perto, o Leandro visitava a mãe quando quisesse, eu ia lá, a gente andava de bicicleta, ia na motocros, estudavámos no mesmo colégio, no Amaro Juunior, cursávamos a mesma série, então até esse momento ia tudo bem.
Mas as coisa começaram a mudar quando a Sueli mudou-se do lugar onde morava para Vila Pindorama. Ficou mais longe de ele visitar mãe e os irmãos; e a Sueli começou a mudar o tratamento com ele também, proibindo-o às vezes até de sair na rua. Eu me lembro que às vezes eu tinha até dificuldade de ir lá de visitá-lo, ele tinha que pedir permissão. Dormir fora então, nem pensar. Final de semana na casa da mãe, nem se cogitava. Então as coisas iam de mal a pior. Ficou insutentável quando ela o transferiu para estudar no Espirito Santo. Todos os outros primos foram para o Joaquim Caetano - isso se dava porque o Amaro Junior ia até a quinta série - e ele se sentiu deslocado. Isso sem imaginar que quem estudava no Espirito Santo, tinha que ter uma certa renda, mais do que ela recebia como auxiliar de enfermagem. Porque apesar de o Espirito Santo ser uma escola pública tudo era cobrado: livro, apostila, uniforme, até a bacaquice de uma agenda tinha que comprar. Talvez até algumas coisas não fosse obrigatório, mas convenhamos, a pressão social, faz algumas coisas de facultativas em obrigatórias, então se sentia deslocado, porque algumas coisas ele não tinha e os colegas riam, é claro.
Dessa forma começou haver desgaste entre eles. O Leandro já era um adolescente e não aceitava mais imposições. O Baixinho, marido da Sueli, até era um cara bom, mas quando bebia ficava insuportável. E começaram ter as brigas. O Leandro não ia mais ao colégio, não obedecia mais e a Sueli mandou-o embora. E era tudo o que ele queria. Viver em liberdade.
O Leandro voltou para casa da mãe, mas aquele ano ele perdeu. Repetiu o ano. No ano seguinte, ele estudou a sexta de novo, só que no Joaquim Caetano, sem frescuras e sem babaquices. Perdeu um pouco da mordomia, mas ganhou liberdade.
E Leandro e Sueli nunca mais. Nunca mais também a Sueli quis pegar um sobrinho para criar, ainda mais grande. Esses tempos eu soube que conseguiu uma criança para criar, mas bem pequeninha, de colo.