Com los Recuerdos al hombro

FIQUE RICO SEM SAIR DE CASA

24 de mai. de 2010

A Gigia e o Renato

No meu último post escrevi sobre a Ana e o Zé Amalio. Também disse que eles eram os padrinhos de batismo do meu irmão Renato. Ficou escrito também que além do Renato, o Paulo fora batizado dessa forma. Bom o que eu quero escrever agora não é sobre batismo. Até porque não me lembro desse episódio e, para ser sincero nem sei se era nascido, já que o Paulo era um ano mais velho do que eu.
Mas eu me lembro da Gigia e do Renato, padrinhos dele. Gigia, não sei se esse é o verdadeiro nome dela, mas todos a chamavam assim.
A Gigia e o Renato formavam um casal muito extranho. Estranho na minha concepção, é claro. Ela devia ter o dobro da idade dele. Naquela época ela já era bem de idade. Formavam um casal extranho até no jeito de ser; ela era chefe, de tudo. Renato era um cara jovial, usava barba comprida e era muito trabalhador.
Eles tinha uma leitaria. Isso, tinham umas vaquinhas e vendiam leite. Eles entregavam leite de carroça, de casa em casa. Não existiam muitas opções para comprar leite naqueles tempos. Existia o leite "C", de saquinho, da nostalgica Cabanha Santa Fé, fora isso, o leite era vendido a granel, de porta em porta num tarro  de metal. Funcionava assim; funciona assim ainda hoje em muitas localidades, onde parece que o tempo não passa.
Eles moravam ali na Julio de Castilhos, próximo da igrejinha. Não sei se Gigia vive ainda, portanto, não poderia dizer se ela vive ali. Digo ela, porque o Renato e ela já não viviam juntos fazia muitos anos. Aconteceu uma tragédia com o Renato, ele sofreu um acidente automobilístico e perdeu uma perna. Não sei dizer como foi, mas sei que ele agora só tem uma perna. Mas anda bem de saúde.
A Gigia era uma pessoa bem legal, não era uma velha rabugenta, era uma pessoa de hábitos simples, mas ao mesmo tempo de certa forma exigente. O Renato igualmente, era bem humilde, trabalhador e de vez em quando até submisso a Gigia, a quem ele se dirigia de "mãe", porque embora fosse mulher dele, quem não conhecese, jurava que se tratava de mãe e filho.
O que eu quero dizer na realidade que a Gigia e o Renato eram diferentes da Ana e do Zé. Esses sim estavam presentes. Pelo menos antes de se separarem. Eu me lembro que uma das minhas tarefas de manhã bem cedo era buscar o leite lá na casa deles. Era todos os dias 2 litros de leite. Uma certa feita até acompanhamos o Renato apanhar as vacas em um campo que ficava de fronte a casa deles, até o lugar onde ele as ordenhava.
Além disso, passávamos na casa deles. Eles tinham um parreral, que quando ficava frutífero, uma de nossas brincadeiras era comer uvas a vontade até se encher. Era bem legal. Também, ali bem próximo de onde eles moravam, onde agora está completamente tomada por casas, havia um grande campo vazio; e de quando em quando vinha um circo e se instalava ali. A gente ia pra casa da Gigia, eu meu irmão Paulo e às vezes o Luiz, para depois fugirmos para circo, só para poder ver os animais.  Era muito divertido ficar olhando os macaquinhos, os leões, as girafas e outros bichos mais. Uma vez até chegamos a entrar, não sei quanto era o ingresso, mas me lembro muito bem que quem levava não sei quantas embalagens de leite Santa Fé, ganhava descontos. Lembro-me que o Luiz chegou com uma porrada delas, não sei de onde. Acho que eram oito saquinhos, mais uma quantia em dinheiro, não me recordo bem. Só sei disso: que nós entramos no circo. Eu não gostava dos briquedos, gostava dos bichinhos. Foi bem divertido. Naquele tempo os circos podiam ter animais, hoje está bem complicado, em virtude dos órgãos de proteção ao bicho. Eu acho correto. Embora eu gostasse de circo com animais, eu os prefiro no seu habitat natural ou, no máximo, em um zoológico, sendo bem cuidado, não maltrados, como num circo.
Mas voltando a Gigia e ao Renato não sei mais do paradeiro desses dois. O Renato, alguns anos atrás soube que estava morando na Vila Kennedy, bem de saúde, embora com uma perna. A Gigia, bom, essa nunca mais ouvi falar dela, não sei nem se vive. Imagina, aquela época, 93, ela já era velha, se vive quantos anos deve ter? Não sei. Só quero dizer que na época desses dois foi bem legal, principalmente para meu irmão Paulo, pois eles o queriam bem e gostavam muito dele. Bom, assim que deve ser.

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