Com los Recuerdos al hombro

FIQUE RICO SEM SAIR DE CASA

18 de mai. de 2010

O Batismo do Renatinho

A Ana era nossa vizinha lá Mutirão I. O Zé Amalio era seu marido. Ela é aquela do charque que comentei esses dias. Bah, naquele dia ela quase perdeu a carne do  feijão. Que sacanagem iam fazer com ela.
O que eu me lembro deles é voltado principalmente para aquela época, pois depois que nos mudamos dali, por volta de 94, praticamente a relação dela com a mãe se emiscuiu. Ela era uma pessoa alegre, estava sempre fazendo festa, contrastando com a nossa casa que era um silencio infernal, como se vivêssemos em regime de concentração. Bebia feito louca, cachaça. Era uma polaca alta e forte. Já o Zé era o oposto, era faquinho e baixinho; igualmente bebia muito; era uma concorrência grande entre esses dois. Tinha duas filhas, uma eu me lembro muito bem, a Adriana, da menor eu não me lembro nem do nome.
Quando fomos morar nessa região da cidade, ela foi a primeira amizade que minha mãe fez. O Zé inclusive por muitos anos trabalhou como ajudante do meu pai nas obras. Então havia uma grande união entre eles.
Essa aproximação deles fez com que a Ana se oferecesse para ser madrinha de batismo do meu irmão Renato, que na época contava com meses de idade. O convite foi aceito.
Sinceramente nunca entendi esse negócio de batismo na Igreja Católica. Para ser sincero, nunca fui católico, nunca aceitei seus sacramentos e duvido que eles tenham sido instituídos por Jesus Cristo. Respeito logicamente quem é dessa crença. Religião é um dogma, não precisa ser verdade. Cada um acredita naquilo que quiser. Entretanto, isso não interessa agora. Até mesmo porque eu acredito que minha mãe aceitou que Ana fosse madrinha de meu irmão mais para ele tivesse uma propriamente do que pela necessidade de que ele fosse batizado, pois ela nunca foi a uma missa sequer. Eu tambem nunca fui. Acho a Igraja Católica muito triste, até parece que estamos num velório; por outro lado não cultuo imagens. Como vou adorar uma coisa que pode ser feita por mim mesmo? Por fim, hoje agradeço por não ter sido batizado nessa Igreja. Na minha casa somente o Renato e o Paulo, mais ninguém. E podem ter certeza, se um dia eu tiver um filho, jamais irei batizá-lo, porque segundo se prega, batismo é para remissão de pecados. Criança tem pecados? Criança é inocente e só uma pessoa muito burra para crer que apenas batizando é que ela "entrará no céu". Claro, isso para quem acredita em religião. 
Voltando um pouco ao batismo do meu irmão, lá estávamos nós, naquela igrejinha na Vila Kennedy, esquina da Gustavo Guimarães com Júlio de Castilhos, a Igreja Sagrado Coração de Jesus. Sinceramente, não me lembro de nada que o padre falou; falava tão baixinho que acho que ninguém escutou. Mas o que eu me lembro é da água em cima da cabeça criança e do choro logo após. Esse era o batismo. Era uma coisa tão simples que me fez pensar se realmente era necessário; não seria melhor as pessoas simplesmente dizerem que são padrinhos e madrinhas, do que fazer todo aquele processo? Não sei. Talvez quisessem guardar o memento para sempre. 
Para mim, o melhor veio depois do batismo. Uma galinhada. Oh, que comida bem boa.
Infelizmente, esse dia não poderia terminar bem. Depois da galinhada, meu pai e a Ana discutiram ferozmente e foram dormir de mal. Vai entender essa gente. Em pouco tempo foram de euforia, alegria e até uma certa religiosidade para uma troca de ofensas sem tamanho. Sei lá são todos loucos eu acho. Mais um motivo para eu descrer nessas festas religiosas. As pessoas são muito falsas. Ora estão de bem, ora estão de mal e brigam por qualquer bobagem. Que fé é essa? Fé só em dias de festa, natal, páscoa, dia de batismo, etc, depois passa, volta-se tudo ao normal. Essa falsa religiosidade que me incomoda.
Tudo bem, passou. Ficaram de bem e amigos por muitos anos, até a gente ir embora de lá.
Poucos anos atrás, nas andanças com meu amigo Mendes, outro que era pinguço, encontrei a Ana. Só ela; o Zé nunca mais vi. E ela continuava do mesmo jeito, embora quase 15 anos mais velha.
O que eu trago de proveito disso tudo pra minha vida? Nada. Esse batismo não significou absolutamente nada para mim. Nem para quem deveria, o Renato, que fora contemplado pelo gole de água. Digo nada porque sinceramente eles nunca se imporataram muito com meu irmão, ruindo por terra talvez o maior sentido desse batismo, onde a madrinha seria uma espécie de segunda mãe. A Ana nunca se importou com o meu irmão, nunca deu um afeto sequer. Passou vários anos longe dele. Foi vê-lo somente no momento mais indesejado, foi no dia em que ele fora sepultado em 2004, já era tarde demais. Ela chorou. Foi pura falsidade. Eu não posso chorar por alguém que não tenho afeto. Infelizmente eu sou assim.  

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