Com los Recuerdos al hombro

FIQUE RICO SEM SAIR DE CASA

13 de jan. de 2011

Seu Luis Carlos da Cadeira de Rodas

Quando vivia no Mutirão I existia um Senhor que se chamava Luis Carlos. Ele era um amigo da gurizada. Morava - e acho que ainda mora - na  Avenida Vinte e Sete de Janeiro a poucos metros da nossa casa.
O Seu Luis Carlos ou Tio Luis Carlos, como muitos o chamavam, tinha uma peculiariedade: não caminhava, era paralítico. Talvez por isso o Paulo Alceu se identificasse tanto com ele. No entanto, ele não nasceu assim. Ficou sem caminhar depois de um acidente. Por isso ele tinha forças nos braços e podia movimenter a sua cadeira de rodas para cima e para baixo.
Tanto tinha forças que dirigia. Isso mesmo ele tinha um veículo adaptado. Usava apenas as mãos. Quando era chico muito andei naquele chevette branco. Muitos tinham medo de andar com ele, pois acreditavam que ele não podia fazer, que ele era limitado. Para falar a verdade, até dava um certo medo, mas como era bom ver aquele homem dirigindo; ficava imaginando como ele fazia tudo aquilo usando apenas as mãos. Incrível. 
Que força de vontade. Esse sim dá para dizer que deu a volta por cima. O homem sofreu um acidente grave, parou de caminhar, mas não deixou de viver. Muitas pessoas com problemas bem menores se atirariam em uma cama e ali ficariam até morrer. Mas esse não. Mandou adaptar o carro e seguiu a vida. Às vezes eu fico imaginando a gente com problemas bem pequenos, já reclama da vida, põe a culpa em Deus e fica achando razões para tudo. O Seu Luis Carlos ali, em cima de uma cadeira de rodas, alegre, feliz e, principalmente, vivendo.  
Seu Luis Carlos e a filha - foto da internet
Claro que, talvez ele não tivesse conseguido sozinho. Ele sempre contou com o apoio da filha, que desde muito jovem sempre cuidou dele. Era ela que sempre estava a seu lado. Nunca o abandonou.
Qunado éramos pequenos, eu meu irmão Paulo íamos vizitá-los, ela sempre fazia um café para nós. Uma pena que eu não me lembro do nome dela. Esqueci por completo. Mas mesmo assim, ela também é uma heroína.
Alguns anos atrás, lá pelos anos 2000, novamente eu me encontrei com o Seu Luis Carlos. Ele era monitor no Projeto CASE. Ele trabalhava lá, ajudando a cuidar da meninada. Sempre trabalhou. Não parou nunca. Por isso eu acho que ele é um exemplo de pessoa, de luta, de perseverança. Se imaginarmos se o homem tinha coragem de atuar no Projeto CASE, onde havia uma gurizada barra pesada, então ele tinha coragem para tudo. Ele é um herói.
Mas eu andava meio preocupado esses dias; pois eu tinha que escrever sobre ele, por tudo que representou à minha infância, mas não achava uma imagem dele. Mas como um passe de mágica, vasculhando na internet, eis que achei essa imagem que já diz tudo. Ele e a filha sentados na frente de casa. Só não sei se ele tem o chevettão ainda.

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